ESCHER

A ARTE E A CIÊNCIA DESCONCERTANTE DO GÉNIO HOLANDÊS

É já no próximo dia 24 de Novembro que a retrospetiva “Escher” – www.escherlisboa.com – abre ao público no Museu de Arte Popular, em Lisboa. Com produção da Arthemisia, empresa líder na organização de exposições de arte de grande escala, e após o acolhimento alcançado com o público espanhol, a mostra sui generis chega à capital portuguesa em ambiente de grande antecipação. Patente até 27 de Maio de 2018, a exposição tem a curadoria de Mark Veldhuysen, Diretor Geral da M.C. Escher Company, e de Federico Giudiceandrea, colecionador italiano e especialista de renome no artista. Composta por 200 obras do mestre visionário holandês cujas criações ainda hoje surpreendem as mentes científicas e artísticas, “Escher” em Lisboa reúne peças emblemáticas como “‘Mão com Esfera Espelhada’, ‘Relatividade’ (ou Casa das Escalas) e ‘Belvedere’, para além de obras anteriores que permitem ajudar a configurar o percurso do artista. Incluídos estão também recursos educacionais, jogos didáticos e laboratórios científicos que ajudam visitantes de todas as idades e áreas de interesse a compreender as imagens desconcertantes e os universos (aparentemente) irreconciliáveis que compõem a dimensão artística de M. C. Escher.
Arthemisia
A Arthemisia é a marca italiana líder na produção, organização e encenação de exposições de arte. Criou e consolidou uma nova forma de expor que lhe garante a referência nacional e internacional para a organização e produção de eventos de arte de alta qualidade. Desde o ano 2000 produziu mais de 500 exposições, muitas das quais lançaram tendências inovadoras na organização deste tipo de eventos.
Curadores da exposição
• Mark Valdhuisen – Diretor Geral da M.C. Escher Company
• Federico Giudiceandrea, Especialista de Renome no Artista

A EXPOSIÇÃO

Parte do mérito de Escher reside na ampliação das possibilidades imaginativas de quem contempla o seu trabalho. Ciência, natureza, rigor, geometria, capacidade analítica e contemplativa fundem-se para dar lugar a uma perspetiva visionária, com múltiplas leituras e interpretações, numa obra cuja temática se relaciona em permanência com o conceito do impossível. A arquitetura teve uma presença muito marcante nos seus trabalhos, funcionando como influência e inspiração claras no mundo do design. A exploração do infinito e as metamorfoses geradas pela repetição de padrões geométricos são duas das suas principais características. Compreender o universo criativo patente em “Escher” é mergulhar numa linguagem complexa, que se traduz em obras intrigantes e eminentemente originais, únicas no panorama da História de Arte. Apropriada pelas novas tecnologias, o que em si sublinha a passagem no teste do tempo, a arte de M. C. Escher patente na exposição trazida a Lisboa promete não deixar ninguém indiferente.

Secções da exposição

Com mais de 200 obras disponíveis, a exposição organiza-se em 7 âmbitos:
1 – Período Inicial
Alguns dos primeiros trabalhos de M. C. Escher foram inspirados pela Art nouveau, um estilo artístico popular com origem no final do século XIX na Europa, caracterizado pelas suas linhas curvas e formas intrincadas inspiradas em estruturas naturais. Samuel Jessurun de Mesquita, um dos expoentes da Art nouveau, foi professor de Escher na Escola de Artes Decorativas e Arquitetura de Haarlem, na Holanda, e teve uma influência considerável no seu trabalho. M. C. Escher reverenciava a natureza e criou numerosas gravuras com desenhos realistas de insetos e flores. As suas viagens em Itália entre 1921 e 1935 inspiraram-no a representar as vistas campestres deste país. Durante os anos que viveu em Roma, o artista desenhou muitas paisagens baseadas nas suas viagens ao sul da Itália, desde monumentos antigos e vistas panorâmicos, até à flora e fauna italianas. As características do trabalho de M. C. Escher provêm das suas meticulosas observações da natureza e da sua paixão pela regularidade geométrica que ele detetou no mundo à sua volta. Esta secção é focada na forma como a natureza, a sua observação e as influências artísticas que lhe são inerentes marcaram profundamente as obras de M. C. Escher.
2 – Tesselações
O momento de mudança mais significativo no desenvolvimento artístico M. C. Escher foi a sua segunda viagem ao sul da Espanha, em 1936, que aproveitou para visitar famosos monumentos arquitetónicos mouriscos, como a Alhambra de Granada e a Mesquita de Córdoba. Estas visitas inspiraram-no a estudar metodicamente os desenhos que os artesãos do século XIV usavam para decorar os muros e os arcos dos monumentos.
3 – Estrutura do Espaço
Mesmo nas suas primeiras gravuras paisagísticas, M. C. Escher sentia-se mais atraído pela análise da estrutura do espaço do que pela representação do pitoresco. Depois de 1937, quando saiu de Itália, deixou de abordar analiticamente a estrutura do espaço. A atenção que dedicou às estruturas puramente matemáticas atinge o seu apogeu num momento posterior, tendo origem na admiração que Escher nutria pelas formas dos cristais e pelas superfícies topológicas, como as fitas de Möebius.
4 – Metamorfose
M. C. Escher criou um mundo onde existem redemoinhos de transformações baseadas em diferentes tipos de tesselações, através das quais formas abstratas se metamorfoseiam em formas concretas. Um mundo no qual as aves se transformam em peixes e um lagarto se metamorfoseia na célula hexagonal de um favo de mel. Às vezes, estas transformações conduzem-nos a elementos que são opostos, mas complementares entre si: o dia e a noite ou o bem e o mal, contrários que vemos entrelaçados nas mesmas composições.
5 – Paradoxos Geométricos
Os conhecimentos matemáticos de M. C. Escher eram em grande parte visuais e intuitivos.As suas composições exploram erros de perspetiva através da representação de estruturas que, parecendo perfeitamente plausíveis à primeira vista, quando vistas com atenção revelam ser figuras impossíveis. Mostrando algumas das suas obras mais famosas, como Acima e Abaixo, Miradouro, Cascata, Galeria de gravura e Relatividade, esta secção concentra-se nas tentativas empreendidas por M. C. Escher no sentido de representar o infinito. Estas obrasprimas refletem um aspecto essencial da arte de Escher, evidenciando a relação intrincada entre as suas obras e a matemática, a geometria e as composições sem fim.
6 – Obras por Encomenda
Graças à sua crescente notoriedade, M. C. Escher recebeu muitas encomendas de instituições e admiradores de todo o mundo, que lhe pediam obras de arte específicas. Escher recebeu também pedidos mais modestos, desde a capa para um programa de concertos até cartões de felicitações e ex-líbris (gravuras decorativas que servem para etiquetar livros e identificar o seu proprietário). M. C. Escher deu a mesma atenção a estas pequenas encomendas, muitas vezes adotando uma linguagem compositiva em tudo semelhante à das grandes encomendas, mas adaptada a estes projetos de menor escala
7 – Eschermania
Até hoje, as referências ao trabalho de M. C Escher podem ser encontradas em vários campos, da arte à cultura popular.Muitos pintores e artistas digitais contemporâneos inspiraram-se no trabalho de M. C. Escher com as tesselações, tendo-o reinterpretado através da sua própria linguagem artística. O processo criativo de M. C. Escher agradou também a músicos e cantores do final da década de 1960, incluindo o famoso grupo inglês de rock Pink Floyd, que recriou um universo infinito na capa do álbum que lançou em 1969. Entre as obras expostas nesta última secção incluem-se revistas que descrevem o mundo de Maurits Cornelis Escher, publicidade, filmes, excertos musicais, arquitetura e obras de arte contemporânea, todos inspirados na arte de Escher. Assim se demonstra como a Eschermania afetou todas as áreas criativas e como o trabalho de M. C. Escher continua, até hoje, a influenciar a cultura contemporânea.
Maurits Cornelis Escher (Leeuwarden, 17 de junho de 1898 – Laren, 27 de março de 1972) Formado pela Escola de Arquitetura e Artes Decorativas de Haarlem, na Holanda, Escher vem a ser reconhecido pelas representaçoes de objetos impossíveis, explorações do infinito, reflexos, simetrias, perspetivas e tesselações. Amplamente inspirado pelo professor Samuel Jessurun de Mesquita (morto em Auschwitz em 1944), Escher desenvolve-se no campo das artes gráficas e visita países como Itália e Espanha, de onde regressa muito impressionado pelo campo e pela arquitetura mourisca. O que recolhe destas viagens influencia fortemente muitas das suas obras mais relevantes, especialmente as relacionadas com o uso de padrões que preenchem o espaço na totalidade. Com o advento da II Guerra Mundial, Escher instala-se em Baarn, na Holanda, onde vive até 1970. Morre dois anos mais tarde, em Laren, numa casa de retiro para artistas onde tinha o seu próprio estúdio.